10 anos
Saíamos às cinco horas da manhã
Com aquela caixa nas costas
Éramos eu e meu irmão
Ele com 8 anos e eu com dez
Subiamos aquela rua
Era ainda escura
Mas não tínhamos medo não
Chegávamos naquela praça
Sempre fazendo graça
Para ganhar mais um tostão
Senhor, senta aqui, por favor
Aparecia sempre um doutor
Vocês sabem mesmo engraxar?
Olhávamos um para o outro
Ficávamos um tempo a nos calar
O senhor quer mesmo ver brilhar?
Por favor, ponha os pés aqui
Veja seu jornal
Que com cinco minutos
Verá seu sapato brilhar
Vamos crianças
Pois vejo esperanças
Dentro de seus olhares
Mas, quanto que é
Aquilo que o senhor der
Mas não se incomode não
Que dê pra comprar o pão
Expediente encerrado
Tínhamos que voltar
Pois estava chegando a hora
De irmos estudar
Pequenas mãos doloridas
Um tanto sofridas
Já nem eram sentidas
Nunca foram esquecidas
Das memórias de minha vida
In memoriam Raimundo Ferreira de Araújo ( meu irmão querido - nossa caixa de engraxate ainda está guardada )
Regina Andrade
Enviado por Regina Andrade em 16/08/2019
Alterado em 16/08/2019
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